Segunda-feira, 16 de maio de 2016
Pela primeira vez no país está sendo realizada uma pesquisa de abrangência nacional sobre a saúde dos professores e faltas ao trabalho nas escolas da educação básica no Brasil. O estudo foi viabilizado por um termo de cooperação entre a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino do Ministério da Educação e a Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), por meio do Núcleo de Estudos em Saúde e Trabalho, e firmado em outubro de 2014. A investigação é coordenada pela pesquisadora Prof. Drª Ada Ávila Assunção, e produziu seus primeiros resultados.
Os objetivos do estudo são: elaborar o Mapa do Absenteísmo nas escolas da Educação Básica do Brasil; produzir a síntese das ocorrências de eventos de saúde e condições de trabalho dos professores da Educação Básica no Brasil ; e identificar elementos para subsidiar a elaboração de Políticas de Valorização dos Profissionais da Educação, conforme determina a Estratégia 7.31 do Plano Nacional de Educação, que versa sobre estabelecer ações efetivas especificamente voltadas para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde e à integridade física, mental e emocional dos (das) profissionais da educação, como condição para a melhoria da qualidade educacional.
O estudo trabalhou com uma amostragem probabilística de professores da educação básica a partir dos dados do Censo Escolar de 2014. Foram entrevistados 6.510 professores de 5.737 escolas em todo o Brasil, selecionados a partir do cadastro do Censo em um universo de 2.229.269, os quais responderam a um questionário com 54 questões que abordaram: absenteísmo; saúde e estilo de vida; carga geral de trabalho; condições do ambiente e entorno do trabalho; condições psicossociais do trabalho; e características demográficas e socioeconômicas. As entrevistas foram realizadas via telefone que alimentaram o sistema, denominado Educatel, desenvolvido para este estudo.
O resultado preliminar do estudo revelou que 69,1% dos professores faltaram ao menos um dia no último ano e 14,7% precisaram se ausentar do trabalho por sete dias ou mais. Dos entrevistados, o principal motivo de falta foram problemas de saúde para 53,3%, seguido de problemas familiares e problemas no deslocamento, conforme pode ser constatado no gráfico 1.
Gráfico 1- Motivos de faltas ao trabalho. Professores da Educação Básica. EDUCATEL Brasil, 2015/16.
Os resultados quanto aos motivos das faltas relacionadas ao estado de saúde são inéditos. Problemas de voz são os mais frequentes com 17,7% do total de professores da educação básica, na sequência, destacam-se, problemas respiratórios com 14,6% e problemas emocionais com 14,5%.
Outros indicadores também foram apurados. Com relação às condições de trabalho foi relatado por 64,0% dos entrevistados ruído intenso no trabalho, 29,7% sofreram violência verbal praticada por estudantes e 56,2% trabalham 40 ou mais horas durante a semana. Sobre a qualidade da gestão, 40,6% mencionaram não ter apoio social na escola, 14,9% não têm autonomia no ambiente escolar e 54,4% dos professores ouvidos têm dificuldade para faltar ao trabalho mesmo quando estão com dor ou outro problema de saúde.
Na próxima etapa do trabalho possibilitará relacionar às faltas com as condições de trabalho, o perfil do educador, infraestrutura escolar, remuneração, entre outros.
Redação Sase/MEC